Quer ajudar o seu filho a ser bom aluno a Português?

A capacidade para falar e perceber o que ouvimos é adquirida de forma natural e espontânea, durante a infância. Mas as aprendizagens conscientes (a escrita, a leitura, a gramática...) exigem esforço e empenho por parte das crianças. Assim, é importante incentivar hábitos e atitudes que contribuam para tornar essas aprendizagens mais sólidas e agradáveis!

A generalidade dos pais tem interesse em envolver-se nas tarefas escolares dos filhos, sobretudo nos momentos que antecedem as avaliações, para os ajudar a serem bem-sucedidos. Sentar-se com eles a fazer os trabalhos de casa, promover os momentos de estudo, comprar livros de apoio e de exercício e pagar a explicadores, quando é necessária uma ajuda extra, são algumas das estratégias de “ataque” utilizadas, sobretudo quando há dificuldades. Normalmente, permitem atingir os resultados esperados, em maior ou menor grau.

Mas existem outras formas de ajudar as crianças a perseverar e a atingir o sucesso nos estudos, porventura mais subtis, mas não menos eficazes. E, no caso do Português, se esta for a língua materna de pais e alunos, existem hábitos e atitudes “de fundo” que podem contribuir para que as crianças desenvolvam uma maior apetência, um maior à-vontade e mais competência relativamente às matérias.

Tendo em conta que a expressão e a compreensão oral e escrita estão presentes em praticamente tudo o que fazemos no dia a dia, aproveite o facto de as circunstâncias serem altamente favoráveis e procure adquirir as práticas descritas abaixo, que decerto trarão benefícios à relação do seu filho com a aprendizagem em geral e com a língua portuguesa em particular.

Cultive o hábito da leitura

As crianças tendem a imitar o comportamento dos pais, pelo que é importante mostrar-lhe que é um leitor assíduo e empenhado. Se não tem o hábito de ler por prazer, está na altura de começar! Estará também a conceder a si próprio momentos de satisfação, tranquilidade e aprendizagem. Mesmo que tenha pouco tempo para se dedicar à leitura nas horas do dia em que o seu filho pode ser testemunha disso, faça-o pelo menos aos fins de semana, ostensivamente. De vez em quando, mencione aspetos interessantes que tenha aprendido através das suas leituras. E vá-lhe mostrando (oferecendo, requisitando...) livros que acha interessantes para ele, sem ser demasiado insistente. Tem aqui boas sugestões.

Não deprecie as matérias

Por vezes, é difícil para os pais entenderem o teor ou o motivo das matérias que os filhos têm de aprender. No caso da língua portuguesa, o novo acordo ortográfico e a nova terminologia linguística suscitam muitas dúvidas a quem aprendeu “outro português” e agora fica muitas vezes admirado, confuso e até revoltado com as mudanças que afetaram a língua e a forma de falar sobre ela. No entanto, se manifestar constantemente a sua perplexidade, o seu desconforto e a sua indignação para com a obrigatoriedade de escrever “ato” sem c ou chamar quantificadores aos numerais, é provável que isso contribua para que o seu filho também sinta má vontade em relação ao que tem de aprender. Por mais que lhe custe, quando está com o seu filho tente converter a admiração em curiosidade e o desagrado em aceitação... ou pelo menos em silêncio!

Promova a mania de ir ao dicionário

Não são raras as ocasiões em que deparamos com uma palavra desconhecida ou hesitamos quanto à pronúncia, à ortografia ou ao significado de certas palavras conhecidas, como beco, discriminar e renitente. Não são apenas as crianças que têm dúvidas linguísticas, os adultos também as têm. Ora, porque não aproveitá-las para instituir em casa um hábito educativo tão importante como fazer pesquisas em dicionários? (E quem diz dicionários diz gramáticas, prontuários, enciclopédias, etc., etc.) Seja recorrendo a um volume que está na prateleira, seja usando o site da Infopédia ou uma App, trata-se de um modo eficaz de encontrar respostas que aumentam o conhecimento sobre a língua e tornam quase lúdica a aprendizagem, sobretudo se vários membros da família fizerem a mesma pesquisa, para ver quem descobre primeiro a resposta à questão surgida.

Seja “aluno” do seu filho

É muito gratificante para uma criança sentir que os pais querem saber o que eles aprenderam, não na perspetiva de verificar se adquiriram os conhecimentos, como era esperado, mas por terem vontade de aprender com eles. Quando o seu filho tiver de estudar, não se limite a esperar que ele leia os apontamentos e as explicações do manual e da gramática que lhe comprou, peça-lhe que lhe dê uma ou mais aulas sobre a matéria e manifeste curiosidade e interesse genuínos em ouvi-lo, tirando até alguns apontamentos e pedindo para “ir ao quadro” fazer exercícios. O seu filho ficará orgulhoso e satisfeito por poder ser o seu professor. E não se esqueça de que está provado que a melhor forma de aprender é ensinando!