Já não me deito em pose de morrer
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SINOPSE
«Penso na poesia de Cláudia R. Sampaio como no discurso furioso que apenas alguém de profunda ternura poderia fazer. Sua tragédia, explícita, frontal, é a de saber a delicadeza quando tudo em seu redor propende para o grotesco e a cabeça se desafia em dúvida. Magnífica poeta, seu impasse é constante: "Quem sabe se não é agora que / possuo toda a loucura / e me faço mulher // Eu que da cintura para cima sou triste / e daí para baixo uma praia / a quem explodiram o mar / para depois o transformarem em / homem e em assombro também".
A expressão de Cláudia R. Sampaio é das mais contundentes da contemporaneidade. Não se ergue panfletária, ergue-se numa urgência íntima que não teme expor, usando sua vulnerabilidade para força, como alguém que mapeia as feridas procurando cicatrizá-las, e também glorificá-las, com o verso. Toda a poesia abeira a terapêutica, e aqui a terapêutica é fundamental, inclusive como forma de classificar cada detalhe do mundo, como protesto e como alegria do possível. A loucura e a terapia são íntimas e fertilizam, a um tempo, o pensamento e a sabedoria.
Que maravilha o desabrido desta poesia. Que maravilha que não seja demasiado limpa, demasiado educada, e se coloque sobretudo enquanto necessidade além da razão e de qualquer etiqueta. Uma poesia que redime tanta coisa mas que também gratamente infeta: "desta vida à outra / castigaram-nos com abraços / afogando o adeus corcunda / adiantado pelas colisões das / palavras / veneno abençoado / do nosso lar.".»
por Valter Hugo Mãe, curador da coleção "elogio da sombra"
A expressão de Cláudia R. Sampaio é das mais contundentes da contemporaneidade. Não se ergue panfletária, ergue-se numa urgência íntima que não teme expor, usando sua vulnerabilidade para força, como alguém que mapeia as feridas procurando cicatrizá-las, e também glorificá-las, com o verso. Toda a poesia abeira a terapêutica, e aqui a terapêutica é fundamental, inclusive como forma de classificar cada detalhe do mundo, como protesto e como alegria do possível. A loucura e a terapia são íntimas e fertilizam, a um tempo, o pensamento e a sabedoria.
Que maravilha o desabrido desta poesia. Que maravilha que não seja demasiado limpa, demasiado educada, e se coloque sobretudo enquanto necessidade além da razão e de qualquer etiqueta. Uma poesia que redime tanta coisa mas que também gratamente infeta: "desta vida à outra / castigaram-nos com abraços / afogando o adeus corcunda / adiantado pelas colisões das / palavras / veneno abençoado / do nosso lar.".»
por Valter Hugo Mãe, curador da coleção "elogio da sombra"
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CRÍTICAS DE IMPRENSA
E quem conhece a poesia torturada, inclemente e vertiginosa de Cláudia R. Sampaio sempre encontrou aí sinais claríssimos das batalhas quotidianas, da doença bipolar que a afetou, com internamento incluído, do "auto sacrifício para levarmos mais um dia", e da angústia de viver num mundo sem lugar para "sonhos descabidos". Aqui pulsa igualmente uma beleza alucinada, o "milagre insuportável" que é viver, a certeza de que o "amor súbito é a escada para o entendimento". Um vocabulário ligado a fortes cargas visuais sobre a experiência de estar vivo.
Sílvia Souto Cunha
Sílvia Souto Cunha
No ofício de tentar ver no escuro, a poesia de Cláudia R. Sampaio ergue-se furiosa e contundente, com uma urgência absoluta e necessária que não teme a procura nem a dúvida nem a exposição do mais íntimo e vulnerável nem a infecção primordial de todo o grotesco que a circunda, na demanda da ternura.
Adolfo Luxúria Canibal
Adolfo Luxúria Canibal
Pense nisto. E porque vai estar frio e a chover, aqui ficam quatro poetas maravilhosos para ler, durante o fim de semana, à lareira: Manuel Resende (1948-2020), tradutor e antigo jornalista do JN, que em 2018 - "70 anos depois de ter nascido e 50 anos depois do maio de 68" -, nos abençoou com 250 páginas de poesia, e esta semana nos deixou; Rui Caeiro (1943-2019), que perdemos em janeiro do ano passado, mas não sem antes deixar-nos o tesouro que é "O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração". Dois homens, dois mestres inigualáveis. E duas mulheres: Hilda Hilst (1930-2004), porque é excecionalíssima, e porque este ano faria 90 anos; e Cláudia R. Sampaio (1981), a jovem que não podemos perder de vista, e de quem acaba de sair, na Porto Editora, "Já não me deito em pose de morrer".
Helena Teixeira da Silva
Helena Teixeira da Silva
DETALHES DO PRODUTO
Já não me deito em pose de morrer
ISBN:
978-972-0-03266-9
Edição/reimpressão:
03-2020
Editor:
Porto Editora
Código:
03266
Coleção:
Elogio da sombra
Idioma:
Português
Dimensões:
160 x 198 x 16 mm
Encadernação:
Capa mole
Páginas:
164
Tipo de Produto:
Livro
Classificação Temática:
Livros > Livros em Português > Literatura > Poesia > Livros > Livros em Português > Plano Nacional de Leitura > Maiores de 18 anos > Poesia
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