Evocação de Sophia
CRÍTICAS DE IMPRENSA
JL
A imagem do epílogo, por sua vez, é um traço do autor, a impressão do olhar perante Sophia que escreve, apenas isso: “Ali, naquela folha, arvorava o seu nome […]”. Detenho-me no modo exacto e, todavia, inesperado que Alberto Vaz da Silva propõe para enunciar, ou anunciar, o acto da escrita: “arvorava”. No princípio e no fim temos, assim, o jardim, pois a escrita é, ela também, singular forma de arborescência. A caligrafia é tatuagem orgânica, matéria com predicados vegetais: linha indivisa, ramificada, que se multiplica desde as raízes até ao alto (ou desde o alto até às raízes, como ensina a Cabala). Escrever mantém uma equivalência misteriosa com o arborescer.
Este é, se quisermos, um livro sobre jardins. Os que nos precedem, os que formam sem sabermos a nossa alma e os seus declives, os que silenciosamente se avistam nas várias formas de grafia, desde aquela que cintila na vastidão silenciosa dos céus (e que também nos pertence), à nossa grafia íntima, feita de arranhões, de registos digitais, de textos, crateras.»
JoséTolentino Mendonça, no posfácio deste livro
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