Uma menina está perdida no seu século à procura do pai chegou recentemente às livrarias com chancela Porto Editora. Nesta história de busca, viagem e reflexão sobre o século XX, Marius encontra uma menina perdida à procura do pai. Hanna, rapariga, cabelos castanhos, olhos pretos, catorze anos, fala com dificuldades, entende mal o que lhe acontece, não percebe o raciocínio dos outros. Marius está com pressa mas muda o seu percurso, acompanha-a. A sua busca leva-os até Berlim, a um hotel com corredores que lembram fantasmas da guerra — e os dois circulam entre as obsessões e os escombros do seu século.
EXCERTO
– Como te chamas?
Hanna respondeu. Ele não percebeu. Hanna repetiu, ele continuou sem perceber. Eu repeti:
– Chama-se Hanna.
– Hanna – disse Fried. – Bom.
– Que idade tens?
– Catorze – respondeu, e agora percebeu-se.
Fried sorriu para ela, simpaticamente. Ela disse:
– Olhos: pretos. Cabelo: castanho.
Eu disse: – Ela aprendeu assim.
Depois ela disse:
– Estou à procura do meu pai.
O AUTOR
Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Desde 2001 publicou livros em diferentes géneros literários. Os seus livros receberam vários prémios em Portugal e no estrangeiro e deram origem, em diferentes países, a diversos trabalhos artísticos e académicos. Em 2010, o seu livro Aprender a Rezar na Era da Técnica recebeu o Prémio do Melhor Livro Estrangeiro em França. É um dos dez escritores que fazem parte do Comité do Finnegan’s List 2014, European Society of Authors. Está a ser traduzido para cerca de trinta línguas. É finalista do Prémio Portugal Telecom 2014, no Brasil, com Matteo Perdeu o Emprego, publicado pela Porto Editora.
IMPRENSA
Mesmo quando parecem fechados na sua concepção quase programática, os romances de Gonçalo Tavares são diálogos com as palavras e as imagens de um século depois do qual não se pode escrever como se nada tivesse acontecido.
Pedro Mexia, Expresso
A pluralidade de personagens criada por Gonçalo M. Tavares é realmente deslumbrante, impossível não nos agarrarmos a eles, cada um com a sua história particular, muitas marcadas pela Grande Guerra.
Pedro Alves, Diário Digital