2023-02-06

Aurelino Costa integra a coleção elogio da sombra

Casa e logradouro é apresentado no Correntes d’Escritas.

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A 9 de fevereiro, a Porto Editora faz chegar às livrarias de todo o país Casa e logradourode Aurelino Costa. O 22.º volume da coleção de poesia elogio da sombra será apresentado no festival Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, sexta-feira, dia 17, às 21:30.

Para o coordenador da coleção, Valter Hugo Mãe, “a poesia de Aurelino Costa é braçal e tem que ver com as coisas da terra.” Nos 44 poemas que compõem o livro, “tudo é demasiado real e a sua nostalgia apenas sublinha o quanto nos afastamos daquela que parece ser a nossa própria natureza.”

Aurelino Costa é autor de livros como Pitões das Júnias ou Domingo no Corpo e Gadanha, finalista do Prémio Autores SPA em 2019. Como intérpetre de poesia, já atuou em todo o páis, mas também no Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. Participou num projeto com Victorino D’Almeida, com vários discos em que diz poesia portuguesa musicada pelo Maestro.


        Espanta-me a luz dos teus seios

        A pedra perscruta em aroma
        desde a rigidez fixa da perfídia
        à náusea dos gonzos parados

        O limoeiro rescende o verde
        em volta tudo é água fresca
        um calor a nascer nos lábios
        Espanta-me a luz dos teus seios
        ante o segredo da noite e do medo

        Assim permaneço na eira,
        sem milho e sem centeio
        na pastagem nobre
        de um incêndio.



SOBRE O LIVRO

Casa e logradouro
A poesia de Aurelino Costa é braçal e tem que ver com as coisas da terra. Quero dizer, há gente, lugares, casas e bichos que nos remetem para a memória de uma sobrevivência sem máscara nem prótese. Tudo é demasiado real e a sua nostalgia apenas sublinha o quanto nos afastamos daquela que parece ser a nossa própria natureza.
Tenho sempre a sensação de estar a ler sobre longe, como se a mais genuína forma de ser já me estivesse impedida. Sinto também a nostalgia e sei que ela atribui uma mágica aos assuntos e aos poemas. Mas julgo que o poema vai crescendo tanto quanto nos encerra no seu exterior. Desabitando aquela humanidade, deixando de saber exercer tão grande esplendor humano, somos testemunhas de como fomos, mas imprestáveis para o continuar a ser.
Tudo nestes versos é de ouro. Um ouro que nos acaba. A menos que a poesia, por tão grande utopia, nos salve um dia.


Valter Hugo Mãe


SOBRE O AUTOR

Aurelino Costa (Argivai, Póvoa de Varzim, 1956)
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra.
Exerce a advocacia.
Colabora em várias publicações colectivas de literatura, desde revistas a antologias. É autor dos livros, Poesia Solar, Raiz do Tempo, Pitões das Júnias, Amónio, Na Terra de Genoveva, Domingo no Corpo e Gadanha, nomeado para o Prémio Autores SPA/2019, na categoria de Literatura – Melhor Livro de Poesia.
Como intérprete–dizedor de poesia, destacam-se, entre outros, os recitais-concerto levados a cabo nas várias salas de Teatro e de Associações culturais e recreativas em Portugal, bem como o realizado no Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. Nesta qualidade recebeu o Prémio Mineiro Poético em 2011. É autor de discografia vária, onde diz poesia portuguesa em parceria musical com o Maestro António Victorino D’Almeida. Foi narrador em Miguel Cervantes & las Músicas del Quixote, com a Hespéron XXI, sob a direcção de Jordi Savall. Tem poesia gravada na voz da soprano Arianna Savall.
É actor na longa metragem Netto e o Domador de Cavalos do realizador Tabajara Ruas, finalista do Festival de Cinema de Gramado, Brasil.
Em 2022, como poeta e dizedor, foi-lhe atribuída pelo Município da Póvoa de Varzim a Medalha de Reconhecimento Poveiro.

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