Como ajudar os jovens a lidarem com os erros e com a frustração

E se todos começássemos a encarar o fracasso não como algo que nos afunda, mas como algo que nos ajuda a LEVANTAR: uma informação que nos ajuda a dar o próximo passo?

Na vida, os erros são inevitáveis, mas será que podemos aprender com eles?

Neste artigo, exploramos os 7 princípios do erro, desenvolvidos por Elizabeth Day no seu livro Failosofia — um guia para aqueles dias em que tudo corre mal, e como estes são importantes para impulsionar o crescimento e a aprendizagem de jovens e adolescentes, ajudando-os a enfrentarem desafios com resiliência e a abraçarem o erro como parte do processo de aprendizagem.

 

Princípio 1: O erro é inevitável

Desde logo, importa definir o que é um “erro”. Um erro é uma alteração inesperada aos nossos planos.

pensamento Eniola

Consideremos os seguintes exemplos: A sua filha queria muito levar aquele par de sapatilhas novo para a escola, para abrir o novo ano letivo em grande, mas sujou-o a jogar à bola, na véspera. O seu filho tem uma lista enorme de material para comprar até ao final da semana, mas perdeu-a e agora está com medo que os professores lhe marquem falta de material. A família distraiu-se com as novas rotinas e chegaram todos tarde à escola, logo no primeiro dia.

Os erros acontecem e frequentemente desiludem. Mas e se pudermos todos aprender com eles? Da próxima, as sapatilhas ficam guardadas até ao dia especial, a lista vai ficar bem dobrada naquela bolsa da mochila reservada para os recados mais importantes e o despertador vai ter de tocar mais cedo. Se as decisões erradas ensinaram alguma coisa, então, já valeram a pena.

 

Princípio 2: Nós não somos os nossos piores pensamentos

Já ouviu o seu filho, o eterno distraído, lamentar-se de que é sempre a mesma coisa, que se esquece de tudo e desilude toda a gente? E se lhe fizer ver que sim, que o erro incomoda, mas que ninguém é perfeito e que há sempre margem para melhorar? Um esquecimento, uma má nota num teste, num dia especialmente mau, nada disso o define enquanto aluno nem como filho. E ninguém deixará de gostar dele por causa disso. Importa é que, com calma, aprenda a gerir essas emoções aborrecidas que são a tristeza e a raiva, por exemplo, pensando em estratégias que permitam que as coisas corram melhor.

 

Princípio 3: Toda a gente sente que errou

Toda a gente — mas toda a gente, mesmo — sente que errou, mesmo quando achamos que levam vidas perfeitas. Vivemos na era das redes sociais, em que a vida tem sempre de parecer perfeita, não sobrando muito espaço para as fotos da birra ou do cabelo desalinhado, ou da nódoa na camisa.

A pressão é enorme! Especialmente sensíveis a esta realidade, os mais novos ainda estão a aprender a orientar-se em relação ao que sentem relativamente ao mundo que os rodeia e no que acreditam ser a visão do mundo sobre eles. E, a maioria das vezes, o que o mundo pensa deles não é nem metade do que o que lhes vai na cabeça. Mas a ansiedade persiste e sem filtros! E que tal encorajá-los a falarem com adultos de confiança, perguntando-lhes que erros terão cometido no passado e de que forma os contornaram? Porque lidar com os erros é a única forma de aprender com eles.

 

Princípio 4: É possível sobreviver à rejeição

pensamento

Amizades, amor — é horrível quando estas relações terminam, sobretudo quando as emoções e as hormonas estão ao rubro. E se as relações acabam porque os rejeitaram? Porque disseram ou fizeram algo de errado… ou simplesmente porque seguiram caminhos diferentes? Será que todas as rejeições ou relações terminadas são uma tragédia? Uma relação não tem de ser considerada um fracasso apenas porque acabou. Às vezes, é um êxito precisamente por ter acabado. E tornam-se oportunidades para aprender e evoluir. Partilhe com os seus filhos um episódio da sua vida em que este raciocínio faça sentido, para que saibam que não estão sozinhos.

Princípio 5: Podemos ser cientistas do erro

À medida que for ajudando o seu filho a lidar com o que o frustra, estando presente num momento de crise ou proporcionando as ferramentas necessárias para o fazer sozinho, ele torna-se um especialista do erro. Por outras palavras, reúne as condições para reagir menos impulsivamente e mais construtivamente aos desafios. E que tal incentivá-lo, então, a uma rotina diária em que escolhe uma frase que combata o medo do fracasso? Começando por dizer algo que sabe ser verdade sobre si mesmo (atlético, honesta, simpática…), diante do espelho, com um grande sorriso, mesmo que esteja a sentir-se com ansiedade ou infeliz?

 

Princípio 6: Não existe um futuro “eu”

Planos a cinco anos? Às vezes nem a cinco meses, quanto mais!? Esta é daquelas perguntas que sabemos que nos fazem, por exemplo, nas entrevistas de emprego. Mas os seus filhos certamente que já se depararam com a pergunta “O que queres ser quando fores grande?”. Bombeiro, astronauta, bailarino, ator… ou mesmo reformado, que é para não ter muito trabalho. Imagine a pressão que a dada altura, com uma pergunta aparentemente tão inocente, estamos, sem querer, a aplicar. E, como criamos expectativas e transmitimos a ideia de que somos intolerantes ao insucesso e às más notas, e ao mais pequeno erro, os nossos filhos sentem também que têm de ser irrepreensíveis. Podemos acreditar que a vida tem o seu plano ou, então, aceitar que, por vezes, o plano muda. Respirar fundo e corrigir rotas!

 

Princípio 7: Ser honesto torna-te mais forte

A força emocional é a capacidade de recuperar dos contratempos da vida. E, assim como a força física, é um músculo que pode ser exercitado. Saber reconhecer as vulnerabilidades e enfrentar os erros para depois aprender com eles é a chave do nosso crescimento. Esta é a mensagem mais importante que podemos passar, enquanto pais e educadores.

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No mês que antecede o regresso às aulas, e a pensar especialmente nos adolescentes mais ansiosos, partilhamos o Failosofia — Um guia para aqueles dias em que tudo corre mal – um guia essencial para todos os jovens que, em algum momento, sentiram que não eram suficientemente bons.

Neste livro, a autora convida a uma nova visão sobre o fracasso, transformando-o em oportunidade de crescimento. Através de histórias inspiradoras (muitas delas de celebridades), oferece orientação prática para enfrentar dias difíceis com resiliência e abraçar os erros como degraus para o sucesso.

Failosofia - #fail #megafail #epicfail #vaisconseguir