Gosto, gosto, gosto… Amigos virtuais, nunca são suficientes, nunca são de mais!

Quantos gostos vou ter neste post? Quantos amigos virtuais tenho? Quanto maior o número de gostos e de amigos virtuais, maior a perceção de popularidade online que os jovens têm. Por isso, cada vez mais, os jovens isolam-se e vivem uma “sociabilidade virtual”, ao ponto de preferirem passar horas em frente ao computador, a postar fotos, comentários, a clicar gosto, adoro… em interação virtual com outros jovens.

Os amigos virtuais, alguns deles isolados do mundo real, estão sempre online, a comentar, a colocar gosto, a dar atenção imediata, a atenção que o mundo real nem sempre tem disponibilidade para oferecer.

Começa a ser comum encontrar grupos de jovens/adolescentes juntos, ou melhor, sentados lado a lado, no recreio da escola, em jardins públicos, em locais propícios à reunião de adolescentes, cada um com o seu telemóvel a navegar pelas redes sociais, por vezes a interagir, virtualmente, com os pares que os rodeiam, sem falarem uns com os outros.

Para muitos, estar em frente a um ecrã é muito mais fácil do que estar frente a frente com alguém. O ecrã é como uma proteção para as fragilidades, as inseguranças e, simultaneamente, permite o conhecimento de inúmeras pessoas, inclusive, de todo o mundo.

Com os amigos virtuais também se vão estabelecendo vínculos, através da colocação de gostos nos posts, comentários, emojis, no mural uns dos outros e que, posteriormente, evolui para mensagens privadas e conversas no chat. No entanto não podem, em momento nenhum, alienar-se de que estão em contacto com outra pessoa, de carne e osso, adolescente ou talvez não, com tudo o que isso implica.

Os adolescentes precisam de ser aceites pelos seus pares, e isso faz parte da construção da sua identidade, pois tal também lhes permite a aquisição de valores, ideias e opiniões sobre o que os rodeia. O problema não são as redes sociais ou os amigos virtuais, mas, sim, a substituição dos amigos reais e a convivência entre pares, em contexto real, pelos amigos virtuais, pelo mundo virtual.

Quando o adolescente chega a casa e se fecha no quarto , quando não convive com a família nem à hora das refeições, está demasiado tempo isolado, só se relaciona virtualmente ou prefere ficar em casa, no computador, em vez de sair com os amigos, aí, sim, deve haver intervenção dos pais, e até de profissionais habilitados, no sentido de ajudarem o jovem a promover o desenvolvimento de competências sociais de forma a ter amigos reais.

 

O que podem os pais fazer?

  • Conhecer os amigos: os pais, ao estarem atentos e conversarem com os filhos no sentido de conhecerem e perceberem se estes têm amigos reais, se convivem com eles e, inclusive,  propor que esses amigos frequentem a casa , podem prevenir situações mais complexas.
  • Promover atividades em família: os pais, os irmãos ou outros familiares a quem o jovem ouve podem, sem recriminações e sem proibições, elogiar o comportamento quando este é adequado, assim como convidá-lo para atividades aliciantes a desenvolver em família.
  • Desenvolver um planeamento semanal: o adolescente pode fazer um horário onde inclua o horário das aulas, de estudo de cada uma das disciplinas, as atividades extracurriculares e, ainda, o tempo a dedicar às redes sociais , tempo esse negociado com os pais.
  • Incentivar à partilha e comunicação: também é importante falar sobre os amigos virtuais, saber sobre o que conversam, que interesses têm em comum, quem são, porque ter amigos, ainda que virtuais, pode ser positivo, dado que é imprescindível que o adolescente se sinta incluído na era digital, desde que não troque a vida real pela vida virtual.

 

E bem a propósito deste tema, sugerimos um livro do autor Álvaro Magalhães, O Estranhão - Quem vê likes não vê corações! , em torno do lado “viral” do Facebook.

O Estranhão - Quem vê likes não vê corações!

Fred ajuda a irmã a tornar-se viral no Facebook, prova, por umas horas, a vida de milionário infantil, acerta contas com Jesus Cristo, que faz anos no mesmo dia e lhe estraga a vida desde a nascença, e conhece a rapariga mais bonita da cidade, que o empurra para uma perigosa aventura policial. E ele que só queria ter uma vida normal, sem sobressaltos…

Mas isso não é tarefa fácil para um Estranhão. Pois não?