Obra Poética II
«Escrever, para Ramos Rosa, não é apenas um exercício que se cumpre por uma determinada disposição estética. Muito mais radicalmente, é um programa de vida, uma necessidade vital e ética que encontra no poema uma estratégia que lhe orienta o sentido e os horizontes. Por isso, a questão da poesia é para ele o dispositivo de uma relação com o mundo e de uma experiência do real que tem como sombra uma incompatibilidade essencial entre o homem e a sua palavra, entre o mundo e a escrita como superfície espelhante de reflexos e logros. Daqui nascem os temas maiores da sua obra: a palavra que tem por origem a sua própria impossibilidade, a reflexão imanente da escrita no acto da sua própria feitura.» [António Guerreiro]