Poesia - Eugenio Montale
SINOPSE
[…]
A poesia de Montale é uma poesia filosófica, no sentido em que o são também a de Pessoa ou de Eliot. Nela perpassa uma branda indisposição existencial, na tradição de certa poesia do fim do século XIX, mas o que se contem nos A linguagem de Montale é ao mesmo tempo rigorosa e fluida, utilizando com frequência a palavra rara, com matizes fim de século, que curiosamente não tem grande expressão na poesia italiana, e que o poeta parece ter ido buscar às suas leituras da poesia francesa simbolista e pós-simbolista. Este inusitado derramamento vocabular só numa primeira aparência é preciosista. De facto, cr! eio que ele deve ser entendido antes como expressão da inquieta busca humana dos sentidos possíveis.
[…]
Poeta do essencial, as suas palavras, mesmo quando parecem meros caprichos formais e se nos apresentam como «espiraladas espumas» pelo seu polimento, pela sua secura de carnes, tal como os ossos de choco atirados pela força incontida do mar ao deserto das areias, fixam-se nas cordas trepidantes da condição humana, e aí vibram, numa espécie de canto sirénico que quer atravessar os infinitos.
(excertos da apresentação)
CRÍTICAS DE IMPRENSA
in Magazine Artes, Novembro de 2004
para o meu terreno mordido pelo ar salgado,
e mostre todo o dia ao céu azul espelhante
e ansiedade do seu rosto amarelado.
Tendem para a claridade as coisas escuras,
esgotam-se os corpos num fluir
de tintas: e estas em música. Esvair
é assim a ventura ! das venturas.
Traz-me tu a planta que conduz
ao lugar onde surge a loura transparência
evapora a vida qual essência;
traz-me o girassol enlouquecido de luz.
para o meu terreno mordido pelo ar salgado,
e mostre todo o dia ao céu azul espelhante
e ansiedade do seu rosto amarelado.
Tendem para a claridade as coisas escuras,
esgotam-se os corpos num fluir
de tintas: e estas em música. Esvair
é assim a ventura ! das venturas.
Traz-me tu a planta que conduz
ao lugar onde surge a loura transparência
evapora a vida qual essência;
traz-me o girassol enlouquecido de luz.
COMENTÁRIOS DOS LEITORES