De Mário Cesariny para Artur Manuel do Cruzeiro Seixas
De Mário Cesariny para Artur Manuel do Cruzeiro Seixas

De Mário Cesariny para Artur Manuel do Cruzeiro Seixas

Mário Cesariny; ILUSTRAÇÃO: Cruzeiro Seixas
ISBN: 978-972-37-1462-3
Edição/reimpressão: 12-2009
Editor: Assírio & Alvim
Código: 78938
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CRÍTICAS DE IMPRENSA

«O labirinto das relações entre os argonautas da aventura surrealista em Portugal, com minotauro e tudo, precisa ainda de ser devidamente desafiado e conhecido para desde esse cruzamento de caminhos e de “estórias” mais ou menos particulares podermos acabar de perfilhar a história—isto é, de re-escrever o romance — da intervenção surrealista no interior dos muros daquele Elsinor do Reino da Dinamarca pintado a gris-concreto e vermelho-sangue na ponta mais ocidental da Europa no tempo em que todos os aventureiros ainda faziam anos. Muitos deles já largaram o cais, juntos no mesmo barco e para uma mesma viagem e todos já esquecidos das histórias de grupos e polémicas. O Mário (Cesariny) foi embora atrás da sombra do outro Mário (de Sá-Carneiro), os dois sem jeito para o negócio, e hoje, Novembro de 2009, queremos no Centro de Estudos do Surrealismo e através da editora que foi também a sua casa (con)celebrar o terceiro aniversário da sua morte com mais uma publicação —lembrança e homenagem—que desta vez recolhe alguns dos textos que Mário dedicou ao que foi protagonista principal do seu território afectivo, mesmo depois de colocarem ambos distâncias e fronteiras à paixão. Como paixão lembrou Cruzeiro Seixas sempre—e me lembrava mais uma vez há pouco—o seu relacionamento com Mário Cesariny, uma paixão rendada com fios de admiração e de entusiasmo que às vezes acabavam por desenhar figuras de afastamento e crítica mais ou menos explícita. […]»
Perfecto E. Cuadrado, na introdução a este livro

DETALHES DO PRODUTO

De Mário Cesariny para Artur Manuel do Cruzeiro Seixas
de Mário Cesariny
ISBN: 978-972-37-1462-3
Edição/reimpressão: 12-2009
Editor: Assírio & Alvim
Código: 78938
Idioma: Português
Dimensões: 232 x 280 x 9 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 96
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros > Livros em Português > Literatura > Ensaios

sobre Mário Cesariny

Poeta, autor dramático, crítico, ensaísta, tradutor e artista plástico português, nasceu a 9 de agosto de 1923, em Lisboa, e morreu a 26 de novembro de 2006, também naquela cidade.
Depois de ter estudado no Liceu Gil Vicente, entrou para Arquitetura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde frequentou o primeiro ano, e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio. Depois de ter frequentado esta escola, prosseguiu estudos de belas-artes em Paris, tendo, ainda, estudado música com o compositor Fernando Lopes Graça.
Figura maior do surrealismo português, a influência que viria a exercer sobre as gerações poéticas reveladas nas décadas posteriores aos anos 50, período durante o qual publicou alguns dos seus títulos mais significativos, ainda não foi suficientemente avaliada. Promoveu a técnica conhecida por "cadáver esquisito", que consistia na elaboração de uma obra por um grupo de pessoas, num processo em cadeia criativa, na qual cada uma dava seguimento à criatividade da anterior, resultando numa espécie de colagem de palavras, a partir apenas de um acordo inicial quanto à estrutura frásica.
Colaborou em várias publicações periódicas como Jornal de Letras e Artes e Cadernos do Meio-Dia, entre outras. Começou por se interessar pelo movimento neorealista - ainda que essa breve incursão não tenha ultrapassado mais que uma postura irónica e paródica, firmada em Nicolau Cansado Escritor - para, em 1947, regressado de Paris, onde frequentou a Academia de La Grande Chaumière e onde conheceu André Breton, fundar o movimento surrealista português.
A sua postura polémica na defesa de um surrealismo autêntico levou-o, porém, a deixar o grupo no ano seguinte, para criar, com Pedro Oom e António Maria Lisboa, o grupo surrealista dissidente.
Como um dos principais críticos e teóricos do movimento surrealista, manteve ao longo da sua carreira inúmeras polémicas literárias, quer contra os detratores do surrealismo quer contra os que, na prática literária, o desvirtuavam.
A sua obra poética começou por refletir, em Corpo Visível ou Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano, o gosto pela observação irónica da realidade urbana que, fazendo-se eco de Cesário Verde, constitui ainda uma fase pouco significativa relativamente a volumes próximos da prática surrealista como Manual de Prestidigitação. Aí, a mordacidade e o absurdo, o recurso ao insólito, aliados a uma discursividade que raramente envereda por um nonsense radical, como ocorre na obra de António Maria Lisboa, permitem estabelecer, como nenhum outro autor da década de 50, um ponto de equilíbrio entre o primeiro modernismo e a revolução surrealista.
No domínio do teatro, em Um Auto Para Jerusalém, pastiche de um conto de Luís Pacheco, revela a influência de Pirandello ou da prática teatral de Alfred Jarry. No fim da década de 60 e início de 70, Mário de Cesariny encetou um trabalho de reposição da verdade histórica do movimento surrealista, coligindo os seus manifestos, editando a obra poética inédita de alguns dos seus representantes, e dando ao prelo textos seus datados do período de maior envolvimento com a teoria e prática do surrealismo, como 19 Projectos de Prémio Aldonso Ortigão seguidos de Poemas de Londres (1971), ou Primavera Autónoma das Estradas (1980) ou Titânia (1977).
Em 2005, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, entregue pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, e, em novembro desse mesmo ano, foi galardoado com o Grande Prémio Vida Literária, uma homenagem à sua notável contribuição para a literatura portuguesa.
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