As perguntas dos seus filhos sobre o ensino superior para as quais deve já começar a pensar nas respostas
Seria naturalmente redutor afirmar que a questão do acesso dos nossos filhos ao ensino superior, onde completarão a sua educação/formação, apenas se começa a colocar para eles — e para nós — quando concluem o ensino básico e ingressam no ensino secundário. De facto, esse desafio, a conclusão desejada de um longo processo, começa a construir-se logo bem cedo, ciclo de ensino após ciclo de ensino.
Maria Natália CabralNo entanto, ultrapassado o ensino básico, frequentado e concluído o 10.º ano do curso que optaram por seguir, o 11.º ano é, para os nossos filhos, um ano determinante, que a nós exigirá, igualmente, pelo menos, atenção redobrada.
É que ainda que os cursos científico-humanísticos disponibilizados para o 10.º e 11.º anos sejam de ‘bitola’ relativamente larga, ainda que o binómio curso/escola que os nossos filhos frequentam já possam ter sido objeto de análise/escolha em função das ofertas e dos planos de estudo disponibilizados por cada estabelecimento de ensino, o 11.º ano tem exames à porta — cujos resultados se refletirão nas médias finais — e o 12.º ano à vista.
Muitas vezes, o 11.º ano é, assim, o ano em que os nossos filhos começam a fazer perguntas mais concretas e a fazer contas mais criteriosas.
Como se obtém a aprovação num curso do ensino secundário?
Que curso do ensino secundário é necessário ter para concorrer ao curso do ensino superior que desejo frequentar?
Que disciplinas específicas me exige o curso em que pretendo entrar?
Que exames finais, ou provas de ingresso, vou ter de fazer?
O curso que escolhi exige pré-requisitos?
Ser-me-á exigida uma nota mínima?
Quais têm sido, nos últimos anos, as médias de entrada dos últimos colocados?
Quantas vagas vão ser abertas, e em que instituições?
Será que vou conseguir?
Todos sabemos que hoje a maioria das escolas com ensino secundário disponibiliza a informação necessária para responder a quase todas estas questões, mas isso não deve “libertar” os pais da necessidade de se envolverem, também, nessa busca de respostas e na reflexão que elas desencadeiam.
Dos pais são necessárias, talvez mais do que nunca, a atenção para ouvirem e perceberem as dúvidas dos filhos, a disponibilidade para, com eles, navegarem pelos sítios oficiais do Gabinete de Ingresso no Ensino Superior do Ministério da Educação e os das Universidades — cursos e seus planos, condições, etc. —, consultarem os Guias das Provas de Ingresso e das Candidaturas, a abertura para um diálogo que poderá consubstanciar decisões tão importantes nas suas vidas.
Terei de abandonar a minha casa e ir estudar para outra cidade?
Que prestígio tem este estabelecimento de ensino superior?
O curso que pretendo escolher satisfar-me-á, a todos os níveis?
Que informações devo tentar reunir sobre o curso que vou escolher: disciplinas, programas e natureza das aulas (teóricas ou práticas), duração do curso?
Que saídas profissionais me aguardarão quando o concluir?
Será que vou conseguir?
De novo a mesma pergunta.
Como se lhe responde? Dia a dia.
Antes de mais, com a verdade, a noção da realidade. Aceder ao curso superior que se deseja, na instituição de ensino que se ambiciona frequentar, é um desafio duro, que exigirá trabalho, responsabilidade, afirmação de maioridade.
Depois, com a solidariedade oferecida, através da partilha solidária de um desafio maior que nem sempre se fará apenas de sucessos.
Sempre com a presença desejada, também na busca daquelas soluções que ultrapassam a autonomia dos filhos.
Com o encorajamento, que sabe tão bem ouvir aos pais e que faz crescer nos filhos a dose de autoestima saudável e necessária.
Com amor de pai e de mãe.