Aprendizagem para uma vida agradável e bem-sucedida: emoções, envolvimento, significado, realização e relacionamento

Não podemos ignorar que a aprendizagem, também para os pais e para as mães, assenta na construção de conhecimento, na tomada de decisão de pôr as ideias em prática. É fundamental que os pais e mães aprendam propostas práticas para desenvolver a inteligência emocional dos seus filhos.

É fundamental que os pais e mães aprendam propostas práticas para desenvolver a inteligência emocional dos seus filhos. Daí que recorramos a ideias e teorias de vários psicólogos que, nas suas investigações, se debruçam sobre este assunto, para indicar caminhos que possam ajudar à experiência de uma vida feliz, com sentido e com sucesso.

Contudo, temos presente que só com a informação teórica não vamos a lado nenhum; à teoria deve seguir-se uma dinâmica essencialmente prática (atividades em grupo, autorreflexão, razão dialógica, jogos, …) com o objetivo de favorecer o desenvolvimento de competências emocionais.

Começamos por convocar Martin Seligman, pioneiro da psicologia positiva, que desenvolveu, no início deste século, a teoria do bem-estar na qual integra cinco elementos, que, segundo ele, são mensuráveis: a emoção positiva, o envolvimento, o significado, a realização pessoal e as relações positivas.

Para este autor, a emoção positiva é constituída pela felicidade e induz a um sentimento de satisfação com a vida, que se manifesta diversamente: alegria, prazer, arrebatamento, euforia, êxtase, contentamento, calor, conforto, comodidade, aconchego, tranquilidade, segurança, satisfação, felicidade, afetos calorosos e afins.

A satisfação é, pois, um estado de contentamento físico, psíquico e espiritual que está intimamente ligamento à noção de «vida agradável». Embora faça parte do bem-estar, a felicidade não dá, só por si, significado à vida. A felicidade é um dos cinco pilares da Psicologia Positiva, juntamente com o envolvimento, o significado, a realização pessoal e as relações positivas.

É isto que eu, como pai, como mãe, procuro? Como criar condições para que o meu filho/a minha filha tenha uma vida agradável?

O segundo elemento — o envolvimento — acontece quando a pessoa se centra numa atividade absorvente, perdendo consciência de si próprio; é como se o tempo parasse e a vida se confinasse aos objetivos da atividade em causa; consiste, portanto numa «vida envolvida».

Como envolver o meu filho/a minha filha em atividades que lhe possam trazer felicidade?

Seligman avança, ainda, com a ideia de que a vida com significado consiste na pertença e no serviço a algo que acreditamos ser maior do que o ‘eu’, e que a Humanidade cria todo o tipo de religiões, os partidos políticos, os escuteiros ou a família tendo em vista dar significado e propósito à vida; este é o terceiro elemento apontado pelo autor.

Na sua ótica, a vida ganha significado e propósito quando o ser humano se relaciona com outras pessoas e estabelece ligações intencionais e com sucesso. É, assim, que é a «vida bem-sucedida», isto é, quando o ser humano acaba por atingir a realização pessoal (o quarto elemento). Com efeito, as pessoas que levam uma vida bem-sucedida costumam estar absorvidas por aquilo que fazem e sentem prazer quando atingem os objetivos que se propuseram alcançar.

Como ajudar o meu filho/a minha filha a descobrir o que, realmente, tem significado para ele/para ela?

Passamos ao quinto elemento referido por Seligman: as relações positivas. Há muito poucas coisas positivas que podem ser vistas isoladamente.

Quando foi a última vez que vi o meu filho rir às gargalhadas?
E a última vez que sentiu uma alegria indescritível?
E a última vez que sentiu um enorme orgulho por ter realizado algo de valor?

Qualquer um destes momentos ocorre em situação de convívio, isto é, quando o ser humano tem ao seu redor outras pessoas. Os outros são, para a criança (como para o ser humano em qualquer idade), o melhor antídoto para quando a vida está na mó de baixo e a forma mais fiável de a voltar a erguer. Fazer algo amável pelos outros produz o mais fiável aumento momentâneo de bem-estar.

A solidão é um estado tão incapacitante que nos leva a acreditar que a procura de relações interpessoais é um alicerce fundamental do bem-estar humano. Ser social é a forma mais bem-sucedida de adaptação superior que se conhece. O convívio saudável é a base da Felicidade Autentica – este é o título de uma obra de Seligman.

Interessante notar que uma outra obra recorre à imagem da flor para passar a ideia de que é preciso criar condições para uma nova e visionária interpretação da felicidade e do bem-estar (Florescer …); nela o autor defende que os elementos que acima foram apresentados são fundamentais pois a felicidade por si só não sustenta o bem-estar.

Curiosamente, estas relações também podem ser as principais causas de conflito e mal-estar provocando emoções negativas como a tristeza, o rancor, o ódio, entre outras. O segredo está em conseguir ser emocionalmente inteligente, desenvolver e colocar em prática estas competências, na hora de nos relacionarmos.

No seu lar, vive-se com bem-estar?
Está satisfeito com a sua vida?
Como contribui a satisfação para o ambiente de bem-estar familiar?

Sabemos que uma das respostas mais frequentes a estas perguntas não é positiva, bem pelo contrário. Emoções como o stress, a ansiedade, o medo, a tristeza, a depressão, a raiva, etc., estão mais presentes na nossa vida do que gostaríamos. Viver com emoções negativas tem elevados custos na nossa saúde e nas relações interpessoais.

Que clima emocional geramos no nosso lar se vivemos imersos neste tipo de emoções?
Que efeitos tem a vivência emocional partilhada com os nossos filhos?

Nota: há escolas em Portugal que, ao longo dos últimos oito anos, já aderiram ao Projeto CIEE — Aprender a ser Feliz® e têm em funcionamento clubes de inteligência emocional para os seus alunos e também grupos específicos para encarregados de educação. São orientados por psicólogos e funcionam uma vez por semana, em horário pós-laboral.


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