Como escolher a área de estudos: saiba o seu papel

É preciso que, cada vez mais, cada família possibilite aos adolescentes um espaço de decisão autónomo em relação ao seu futuro e que cada escola reflita sobre o tipo de jovens que está a pretender formar.

A escolha da futura profissão é uma decisão importante, que deve ser tomada apenas pelo próprio, e, no caso em apreço, é importante que pais e professores aceitem isso.

Já bastam todos os condicionalismos existentes e dúvidas entre aquilo que deve nortear essa escolha: tradição familiar; vocação ou gosto pessoal; prazer ou viabilidade financeira; os constantes estímulos para o sucesso e para a vitória sobre os outros; a competição extrema, já a partir do 10.º ano; o difícil acesso a certos cursos superiores e ao mercado de trabalho, problemático para todos, e, especialmente para os jovens; etc., etc.

Assim sendo, é preciso que, cada vez mais, cada família possibilite aos adolescentes um espaço de decisão autónomo em relação ao seu futuro, e que cada escola reflita sobre o tipo de jovens que está a pretender formar. É evidente que o exposto não iliba os pais de se preocuparem com a orientação profissional dos seus filhos, e é quando se aproxima o 9.º ano que esta preocupação começa a ser mais premente.

Assim, mesmo quando os jovens manifestam, desde muito cedo, uma opção clara, é preciso que os pais, com a colaboração do diretor de turma, os informem sobre as possibilidades que uma dada opção lhes dará, sobre as disciplinas que compõem o currículo, etc. Grande parte das escolas já têm um psicólogo ou um técnico de orientação vocacional que desenvolvem um trabalho com os alunos no sentido de os ajudar a esclarecer o seu percurso escolar.

A adolescência é, bem sabemos, uma fase em que o jovem ensaia o futuro, sendo naturais as dúvidas e hesitações. Cabe aos adultos – pais e professores – ajudá-lo, sem recriminações, e, se for o caso, apoiá-lo na reformulação das suas opções.

Não entre em pânico se o seu filho mudar uma e outra vez de opção, mesmo se algumas delas possam parecer contraditórias. Na maior parte dos casos, as mudanças mais ou menos súbitas de opção justificam-se pelas indefinições próprias da idade – a obrigação de optar, com a certeza de vir a ser a escolha certa, por uma área de estudos, aos catorze (!) anos –, e, até, pelas relações que se mantêm com os colegas, procurando-se muitas vezes seguir o caminho daqueles de quem mais se gosta.

Nestes casos, evite, sempre, denunciar este tipo de situação com ironia, acusando-o de ser influenciável, de não ter personalidade própria, de não saber o que quer.

Se a dúvida está instalada e a escola não dispõe de um serviço de orientação vocacional, pode recorrer a um psicólogo para ajudar o seu filho a reconhecer a sua área. Lembre-se que muitos jovens, receando dececionar os pais, recalcam a vontade de mudar, o que se reflete muitas vezes numa quebra de rendimento, em alguma tristeza e, até, depressão. Por isso, os pais devem dar espaço para que o seu filho reveja a sua opção, ajudando-o e não recriminando-o.

Elemento crucial na adolescência, a procura da identidade é construída sobre avanços e recuos, até atingir uma definição mais precisa que corresponde à idade adulta.

E o que menos devemos desejar é virmos a ser um dia acusados de termos decidido o futuro do nosso filho ou da nossa filha, contra a sua vontade, ou, mais grave ainda, de não termos feito tudo o que estava ao nosso alcance para fazer dos nossos jovens filhos uns adultos felizes – pelo menos com a sua opção de estudos e a sua profissão.