A alimentação no jovem praticante de desporto
Neste artigo, o nutricionista António Pedro Mendes desmistifica a ideia de que a nutrição desportiva é exclusiva para adultos e explora a nutrição desportiva para crianças e adolescentes, destacando cinco pontos essenciais para todas as idades.
António Pedro Mendes | 18-04-2024Quando se pensa em nutrição desportiva, é habitual que se pense automaticamente em estratégias potenciadoras da performance física, dificilmente aplicáveis a crianças e adolescentes pelos potenciais riscos. No entanto, a verdade é que a nutrição em contexto desportivo tem uma base comum a todas as faixas etárias, e que não foge muito dos conselhos gerais de alimentação saudável. Neste sentido, deixo alguns pontos fundamentais a todos os praticantes de exercício, independentemente da faixa etária em que se encontram.
1. A base da ingestão alimentar deve ser pensada sem especificidades do contexto desportivo. Ou seja, devemos sempre priorizar uma ingestão diária de hortícolas, de preferência com sopa no início da refeição e hortícolas (crus ou cozinhados) a acompanhar o prato principal. A inclusão de 2 porções de fruta por dia é também fundamental, assim como a inclusão frequente de peixe, cereais integrais, laticínios, leguminosas, frutos oleaginosos e fontes de gordura saudáveis, como o azeite.
2. Garantir que há um abastecimento suficiente para a exigência do treino. Neste sentido, devemos apostar numa ingestão de alimentos que forneçam energia sem comprometer o bem-estar gastrointestinal. Para isso, várias estratégias podem ser utilizadas, como fazer uma refeição com uma boa quantidade de hidratos de carbono nas 2 a 3 horas que antecedem o exercício.
Para otimizar a performance não, há caminhos alternativos: ingerir uma boa quantidade de hidratos de carbono é a melhor estratégia.
Muito mais do que proteína, António Pedro Mendes
3. Assegurar uma reposição diária de energia. Em certos desportos em que a magreza é valorizada, há tendência para os atletas não consumirem, diariamente, as calorias necessárias à exigência física. E esses casos podem ser problemáticos se esta insuficiência calórica se mantiver por muito tempo, nomeadamente no desenvolvimento e na maturação de vários sistemas, como o ósseo e o reprodutor.
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4. Não esquecer a hidratação. Por uma questão logística, há, frequentemente, desleixo com a ingestão de água ao longo do dia. Garantir que os atletas jovens têm sempre acesso a água e que mantêm a sua urina com uma coloração pouco carregada, são bons pontos de partida.
5. Desvalorizar os suplementos alimentares. Ainda que haja tendência para olhar os suplementos como grandes ajudas ao aumento de performance, a verdade é que a sua utilização não traz benefícios, na maior parte dos casos. São poucos os suplementos seguros e eficazes, e poderá ser mais interessante esperar pela idade adulta para os considerar.
Se sente que há várias falhas na alimentação de determinado jovem atleta, aconselho que consulte um nutricionista que foque a sua prática na vertente desportiva. Com uma linguagem acessível e estratégias de fácil implementação, será fácil de se alterar hábitos alimentares e potenciar o crescimento, desenvolvimento e, ainda que menos importante, o sucesso desportivo.
SUGESTÃO DE LEITURA
Muito mais do que proteína é um guia de nutrição desportiva essencial para pais que desejam apoiar os seus filhos atletas. António Pedro Mendes, nutricionista do Sporting CP com mais de 10 anos de experiência, propõe estratégias comprovadas para otimizar a performance, desde macronutrientes até suplementação.