Como gerir a ansiedade do seu filho numa altura de exames

No final do 11.º e 12.º anos, os estudantes que frequentam os cursos científico-humanísticos têm de realizar obrigatoriamente quatro exames, sendo dois deles após a finalização do 11.º ano e os outros dois após o 12.º. Os resultados são introduzidos numa fórmula e ditarão, em grande parte, o acesso ao Ensino Superior. Resta acrescentar que embora o peso dado aos exames varie de faculdade para faculdade a maioria atribui-lhes 50%. Um valor tão elevado irá, certamente, contribuir para o aumento da ansiedade neste período.

Se até esta etapa os resultados nos exames não tinham de ser submetidos a fórmulas tão rigorosas, agora isto acontece, determinando se o aluno entra ou não no curso que ambiciona, se vai seguir ou não o projeto que tinha definido (ver fórmulas no final deste artigo).

Face ao exposto, compreende-se que os exames do Ensino Secundário sejam vividos com doses elevadas de angústia e ansiedade. Embora a ansiedade seja uma resposta instintiva, intrínseca e natural, quando atinge níveis exagerados, nomeadamente em situação de avaliação, leva à diminuição do rendimento. Esta diminuição ocorre porque o stresse avaliativo torna os indivíduos incapazes de se focarem num assunto específico, uma vez que a sua atenção está centrada, de forma involuntária, no medo de falhar. Poder-se-á afirmar que todo este processo tem início antes do exame. Antes da realização deste, já a ansiedade é elevada porque o indivíduo se sente pouco confiante nas suas capacidades e nas suas competências para obter bons resultados. Esta falta de confiança leva a que o insucesso seja antecipado e visto como uma catástrofe para si e para a sua família.

Durante a realização do teste, o indivíduo está receoso que as questões se relacionem com domínios desconhecidos e, por isso, quando olha para elas, vê um nível de exigência superior àquele a que se considera capaz de dar resposta. Esta situação leva a que a informação que era conhecida e familiar fique bloqueada e inacessível. Após o exame, a ansiedade não desaparece porque o sujeito teme os maus resultados, que ele atribui a causas internas (por exemplo, falta de capacidade).

O que podem, então, os pais fazer para ajudar os filhos em situações de avaliação?

Dado que a ansiedade face à avaliação decorre do medo de falhar e do significado que é atribuído a um eventual fracasso, é fundamental que, ao longo do desenvolvimento dos seus filhos, os vá ajudando a lidar construtivamente com o fracasso.

Lidar de forma construtiva com o que corre mal passa também pela emissão de atribuições corretas. Geralmente, os jovens que apresentam elevados níveis de ansiedade na avaliação consideram que falham porque as suas capacidades não lhes permitem ter melhores resultados. Face a este tipo de atribuição, os pais deverão incutir-lhes a ideia de que a inteligência não é uma característica fixa e que, pelo contrário, o trabalho pode melhorar as capacidades cognitivas.

Os pais deverão ainda questionar-se: “serei eu demasiado exigente relativamente aos resultados escolares? Só valorizo os resultados académicos do meu filho e não sou capaz de valorizar outro tipo de competências? Passo a vida a compará-lo com um outro elemento da família, que tira sempre notas excelentes? Valorizo apenas determinadas profissões, cujo acesso é muito difícil?”. Se a sua resposta à maioria das questões colocadas é afirmativa, então poderá ter de rever os seus procedimentos.