Como educar filhos para serem sensatos, resilientes e ambiciosos
A forma como motivamos as nossas crianças é determinante para o futuro delas. Saber reagir aos desafios diários, ultrapassar obstáculos e lidar com frustrações requer treino, um trabalho contínuo de acompanhamento e motivação realizado pelos educadores que dará os seus frutos: jovens honestos, sensatos, resilientes, ambiciosos e motivados.
Mas quais as melhores abordagens?
A forma como motivamos as nossas crianças é determinante para o futuro delas. Saber reagir aos desafios diários, ultrapassar obstáculos e lidar com frustrações requer treino, um trabalho contínuo de acompanhamento e motivação realizado pelos educadores que dará os seus frutos: jovens honestos, sensatos, resilientes, ambiciosos e motivados. Mas quais as melhores abordagens?
Nas redes sociais, nas notícias, nos programas de televisão, as crianças acabam por contactar com frequência e “alguma normalidade” com episódios de arrogância, egoísmo e até crueldade. Consciente disto, até pelo que percebia ao educar os seus filhos, Melinda Wenner Moyer deparou-se muitas vezes com a mesma questão: “Como posso ter a certeza de que eles não se vão tornar uns idiotas?”
Partilhamos algumas das dicas que pode encontrar no livro
Como educar filhos para não serem idiotas
.
Como educar filhos para serem sensatos, resilientes e ambiciosos
Estratégia de motivação n.o 1
Encoraje os seus filhos a experimentarem coisas novas, divertidas e difíceis.
Segundo Angela Duckworth, mãe e investigadora, a perseverança é composta por quatro componentes: interesse, prática, propósito e esperança.
Duckworth tem duas filhas, e as pessoas perguntam-lhe constantemente o que faz para lhes estimular a perseverança. Uma forma de o fazer foi criar a Regra da Coisa Difícil: 1) as suas filhas têm de realizar algo divertido que também exija prática deliberada, e não podem desistir a meio do ano escolar; 2) têm de ser elas a escolher a atividade, não pode ser imposta pelos pais. Ao encorajar as filhas a experimentarem coisas difíceis, espera que aprendam a lidar e a suplantar os desafios.
Pode ser uma atividade extracurricular que envolva a orientação de um adulto, que não seja o pai ou a mãe. É importante que os pais deixem os filhos desistir das atividades, no final do ano escolar ou da temporada, se não gostam das mesmas, e que depois os deixem experimentar algo novo. É igualmente importante que o professor/treinador que trabalhe com a criança seja caloroso e compreensivo, e que torne divertido o processo de aprendizagem.
As atividades extracurriculares também podem ser excelentes por conduzirem ao que os psicólogos se referem como “espirais de sucesso”. Quando as crianças têm a oportunidade de alcançar algo que faz com que se sintam bem, esse sucesso instila confiança, que depois as motiva e conduz a mais sucessos.
Estratégia de motivação n.o 2
Elogie o esforço, não as competências ou a inteligência.
Quando as
crianças são
elogiadas
pela sua inteligência ou aptidão, elas ficam menos interessadas em aprender e suplantar os desafios, e manifestam mais interesse em salvaguardar a sua reputação, ou seja, perdem motivação e lançam-se para um modo de autoproteção. As que são elogiadas por trabalharem com afinco, por outro lado, têm maiores probabilidades de abraçar desafios e permanecem motivadas.
Porque é que isto acontece? Elogiar pela aptidão e inteligência leva as crianças a pensarem que a aptidão é um traço fixo. Ou o têm, ou não. Se ter sucesso significa que sou inteligente, então falhar significa que sou burro – como tal, evitam o falhanço, evitando os desafios.
O que deve fazer? Elogie os seus filhos pelo esforço. Diga coisas como: Trabalhaste com tanto afinco neste desenho. Adoro-o! E quando a frustração os atinge – quando os seus filhos disserem coisas como: Não sou bom no violoncelo –, pode responder com algo semelhante a: Bem, ainda estás a aprender a tocar o violoncelo, por isso ainda não dominaste todas as coisas difíceis.
Assegure-se também de que relaciona o esforço com o resultado. Quando o seu filho alcança o sucesso devido ao trabalho árduo e à perseverança, deve elogiá-lo pelo esforço, tornando a cadeia causal visível: Agora, estás a tocar essa música tão bem! Deve ser por teres praticado muito e com tanto cuidado! Foi bom teres dedicado algum tempo extra às passagens em que realmente tinhas mais dificuldades.
Estratégia de motivação n.o 3
Ensine estratégias para minimizar a procrastinação.
Nós (e os nossos filhos) procrastinamos porque estamos aborrecidos, porque temos medo da tarefa (medo de falhar, por exemplo) ou porque nos sentimos frustrados perante um trabalho que nos parece demasiado difícil. Por isso, optamos antes por virar a nossa atenção para coisas que nos garantirão consolo, alegria ou, pelos menos, algum alívio. Por outras palavras, quando as crianças (e os adultos) se sentem em baixo, dão prioridade a coisas que as fazem sentir-se melhor.
Uma solução para o problema da procrastinação é transformar uma tarefa “assustadora” ou entediante em algo divertido e competitivo. Imagine que o seu filho está a procrastinar porque o trabalho de casa lhe parece terrivelmente aborrecido. Transforme o trabalho de casa num jogo/competição. Se na noite anterior conseguiu ler 20 páginas do manual numa hora, será que hoje consegue ler 22 no mesmo tempo?
Se a tarefa que tem em mãos está a ser adiada por ser assustadora, então, por outro lado, uma boa estratégia poderá ser torná-la menos aterrorizante. Sente-se com o seu filho, ajude-o a subdividi-la em tarefas mais pequenas e mais fáceis de terminar, que possam ser “concluídas” em momentos diferentes. Desta forma, cada tarefa parecerá menos avassaladora, e, quando as partes estiverem terminadas, senti-la-á como um feito: o que alimenta a confiança e a motivação.
Para conferir à tarefa um significado e uma relevância maiores, também poderá ser útil ajudar os seus filhos a ligarem essa mesma tarefa a um objetivo.
Por fim, ajude os seus filhos a reconhecerem e a
eliminarem as distrações
. Sente-se com ele e encontre formas de redesenhar o seu ambiente para que não seja bombardeado a cada quatro segundos com Coisas Bem Mais Interessantes do que os Trabalhos de Casa.
Estratégia de motivação n.o 4
Não dependa demasiado de recompensas.
As recompensas podem ser úteis em algumas situações e desadequadas noutras. Tal como qualquer outra
ferramenta de parentalidade
, quando usadas incorretamente, podem minar o interesse em atividades que poderão ser intrinsecamente gratificantes. Outro problema é que a abordagem se pode tornar controladora. As pessoas sentem-se mais satisfeitas se fizerem as coisas que escolheram fazer, quando comparado com fazer as coisas que se sentem manipuladas a fazer.
Se usar as recompensas, de forma moderada, para coisas de que os seus filhos realmente não gostam, não há problema. Também são perfeitamente aceitáveis como reconhecimento do trabalho feito à posteriori – como quando leva os seus filhos a comer um gelado no final do último dia de aulas, para celebrar o quanto aprenderam e quão arduamente trabalharam. Mas dizer que irá levá-los a comer um gelado se tiverem nota máxima a todas as disciplinas é outra história; isso, uma vez mais, é utilizar a recompensa como motivador.
As recompensas podem criar bons hábitos, e, a partir do momento em que a criança tem bons hábitos, a motivação deixa de ser tão importante, porque o comportamento se torna automático. Em vez de pressionar as crianças ou de lhes oferecer recompensas, os pais devem optar por encorajar os filhos a fazerem aquilo que tem de ser feito, reconhecendo os seus sentimentos (por exemplo, sei que podes não querer fazer isto, mas preciso mesmo da tua ajuda) e oferendo-lhes explicações e escolhas (por exemplo, preferes limpar a cave ou tirar a louça da máquina?).
No livro
Como educar filhos para não serem idiotas
, baseado na mais recente investigação científica, Melinda Wenner Moyer explora estas e outras dicas que ajudarão a educar crianças, da infância à adolescência, para que não se tornem egoístas, egocêntricas, intolerantes, mentirosas ou violentas, mas, antes, resilientes, ambiciosas e honestas – ou seja, boas pessoas. Afinal, é isso que todos os pais desejam, acima de qualquer outra coisa.
Medalha de ouro dos Living Now Book Awards 2022, na categoria “parentalidade”.
A forma como motivamos as nossas crianças é determinante para o futuro delas. Saber reagir aos desafios diários, ultrapassar obstáculos e lidar com frustrações requer treino, um trabalho contínuo de acompanhamento e motivação realizado pelos educadores que dará os seus frutos: jovens honestos, sensatos, resilientes, ambiciosos e motivados. Mas quais as melhores abordagens?
Nas redes sociais, nas notícias, nos programas de televisão, as crianças acabam por contactar com frequência e “alguma normalidade” com episódios de arrogância, egoísmo e até crueldade. Consciente disto, até pelo que percebia ao educar os seus filhos, Melinda Wenner Moyer deparou-se muitas vezes com a mesma questão: “Como posso ter a certeza de que eles não se vão tornar uns idiotas?”
Partilhamos algumas das dicas que pode encontrar no livro Como educar filhos para não serem idiotas .
Como educar filhos para serem sensatos, resilientes e ambiciosos
Estratégia de motivação n.o 1
Encoraje os seus filhos a experimentarem coisas novas, divertidas e difíceis.
Segundo Angela Duckworth, mãe e investigadora, a perseverança é composta por quatro componentes: interesse, prática, propósito e esperança.
Duckworth tem duas filhas, e as pessoas perguntam-lhe constantemente o que faz para lhes estimular a perseverança. Uma forma de o fazer foi criar a Regra da Coisa Difícil: 1) as suas filhas têm de realizar algo divertido que também exija prática deliberada, e não podem desistir a meio do ano escolar; 2) têm de ser elas a escolher a atividade, não pode ser imposta pelos pais. Ao encorajar as filhas a experimentarem coisas difíceis, espera que aprendam a lidar e a suplantar os desafios.
Pode ser uma atividade extracurricular que envolva a orientação de um adulto, que não seja o pai ou a mãe. É importante que os pais deixem os filhos desistir das atividades, no final do ano escolar ou da temporada, se não gostam das mesmas, e que depois os deixem experimentar algo novo. É igualmente importante que o professor/treinador que trabalhe com a criança seja caloroso e compreensivo, e que torne divertido o processo de aprendizagem.
As atividades extracurriculares também podem ser excelentes por conduzirem ao que os psicólogos se referem como “espirais de sucesso”. Quando as crianças têm a oportunidade de alcançar algo que faz com que se sintam bem, esse sucesso instila confiança, que depois as motiva e conduz a mais sucessos.
Estratégia de motivação n.o 2
Elogie o esforço, não as competências ou a inteligência.
Quando as crianças são elogiadas pela sua inteligência ou aptidão, elas ficam menos interessadas em aprender e suplantar os desafios, e manifestam mais interesse em salvaguardar a sua reputação, ou seja, perdem motivação e lançam-se para um modo de autoproteção. As que são elogiadas por trabalharem com afinco, por outro lado, têm maiores probabilidades de abraçar desafios e permanecem motivadas.
Porque é que isto acontece? Elogiar pela aptidão e inteligência leva as crianças a pensarem que a aptidão é um traço fixo. Ou o têm, ou não. Se ter sucesso significa que sou inteligente, então falhar significa que sou burro – como tal, evitam o falhanço, evitando os desafios.
O que deve fazer? Elogie os seus filhos pelo esforço. Diga coisas como: Trabalhaste com tanto afinco neste desenho. Adoro-o! E quando a frustração os atinge – quando os seus filhos disserem coisas como: Não sou bom no violoncelo –, pode responder com algo semelhante a: Bem, ainda estás a aprender a tocar o violoncelo, por isso ainda não dominaste todas as coisas difíceis.
Assegure-se também de que relaciona o esforço com o resultado. Quando o seu filho alcança o sucesso devido ao trabalho árduo e à perseverança, deve elogiá-lo pelo esforço, tornando a cadeia causal visível: Agora, estás a tocar essa música tão bem! Deve ser por teres praticado muito e com tanto cuidado! Foi bom teres dedicado algum tempo extra às passagens em que realmente tinhas mais dificuldades.
Estratégia de motivação n.o 3
Ensine estratégias para minimizar a procrastinação.
Nós (e os nossos filhos) procrastinamos porque estamos aborrecidos, porque temos medo da tarefa (medo de falhar, por exemplo) ou porque nos sentimos frustrados perante um trabalho que nos parece demasiado difícil. Por isso, optamos antes por virar a nossa atenção para coisas que nos garantirão consolo, alegria ou, pelos menos, algum alívio. Por outras palavras, quando as crianças (e os adultos) se sentem em baixo, dão prioridade a coisas que as fazem sentir-se melhor.
Uma solução para o problema da procrastinação é transformar uma tarefa “assustadora” ou entediante em algo divertido e competitivo. Imagine que o seu filho está a procrastinar porque o trabalho de casa lhe parece terrivelmente aborrecido. Transforme o trabalho de casa num jogo/competição. Se na noite anterior conseguiu ler 20 páginas do manual numa hora, será que hoje consegue ler 22 no mesmo tempo?
Se a tarefa que tem em mãos está a ser adiada por ser assustadora, então, por outro lado, uma boa estratégia poderá ser torná-la menos aterrorizante. Sente-se com o seu filho, ajude-o a subdividi-la em tarefas mais pequenas e mais fáceis de terminar, que possam ser “concluídas” em momentos diferentes. Desta forma, cada tarefa parecerá menos avassaladora, e, quando as partes estiverem terminadas, senti-la-á como um feito: o que alimenta a confiança e a motivação.
Para conferir à tarefa um significado e uma relevância maiores, também poderá ser útil ajudar os seus filhos a ligarem essa mesma tarefa a um objetivo.
Por fim, ajude os seus filhos a reconhecerem e a eliminarem as distrações . Sente-se com ele e encontre formas de redesenhar o seu ambiente para que não seja bombardeado a cada quatro segundos com Coisas Bem Mais Interessantes do que os Trabalhos de Casa.
Estratégia de motivação n.o 4
Não dependa demasiado de recompensas.
As recompensas podem ser úteis em algumas situações e desadequadas noutras. Tal como qualquer outra ferramenta de parentalidade , quando usadas incorretamente, podem minar o interesse em atividades que poderão ser intrinsecamente gratificantes. Outro problema é que a abordagem se pode tornar controladora. As pessoas sentem-se mais satisfeitas se fizerem as coisas que escolheram fazer, quando comparado com fazer as coisas que se sentem manipuladas a fazer.
Se usar as recompensas, de forma moderada, para coisas de que os seus filhos realmente não gostam, não há problema. Também são perfeitamente aceitáveis como reconhecimento do trabalho feito à posteriori – como quando leva os seus filhos a comer um gelado no final do último dia de aulas, para celebrar o quanto aprenderam e quão arduamente trabalharam. Mas dizer que irá levá-los a comer um gelado se tiverem nota máxima a todas as disciplinas é outra história; isso, uma vez mais, é utilizar a recompensa como motivador.
As recompensas podem criar bons hábitos, e, a partir do momento em que a criança tem bons hábitos, a motivação deixa de ser tão importante, porque o comportamento se torna automático. Em vez de pressionar as crianças ou de lhes oferecer recompensas, os pais devem optar por encorajar os filhos a fazerem aquilo que tem de ser feito, reconhecendo os seus sentimentos (por exemplo, sei que podes não querer fazer isto, mas preciso mesmo da tua ajuda) e oferendo-lhes explicações e escolhas (por exemplo, preferes limpar a cave ou tirar a louça da máquina?).
No livro Como educar filhos para não serem idiotas , baseado na mais recente investigação científica, Melinda Wenner Moyer explora estas e outras dicas que ajudarão a educar crianças, da infância à adolescência, para que não se tornem egoístas, egocêntricas, intolerantes, mentirosas ou violentas, mas, antes, resilientes, ambiciosas e honestas – ou seja, boas pessoas. Afinal, é isso que todos os pais desejam, acima de qualquer outra coisa.
Medalha de ouro dos Living Now Book Awards 2022, na categoria “parentalidade”.