A mudança para o 5.º ano: novas salas, novos livros, nova vida!

O que muda quando se inicia o 5.º ano? Será a mudança para o 2.º ciclo significativa na vida das crianças? Será uma transição potenciadora de stress? Que poderão fazer os pais para suavizar o impacto desta mudança?

No momento em que comecei a minha reflexão sobre este tema, cruzei-me com o meu filho que, no próximo ano, vai frequentar o 8.º ano. Pedi-lhe para viajar até ao início do 5.º ano e perguntei-lhe se a sua adaptação a este ano de escolaridade tinha sido pacífica. Disse-me que os primeiros dias não tinham sido muito fáceis, porque tinha sentido receio de não saber onde ficavam as salas; mais tarde, tinha surgido medo relativamente a um aluno mais velho, que se divertia a causar danos aos mais novos. Terminou a viagem dele, sublinhando que, contudo, apenas os primeiros dias foram difíceis e que, em pouco tempo, tudo se normalizou.

A transição para o segundo ciclo é considerada uma experiência significativa na vida do jovem, constituindo um grande desafio ao seu desenvolvimento. Quando ela ocorre, o pré-adolescente é confrontado com uma grande variedade de mudanças, que tem de integrar em simultâneo com outras, inevitavelmente trazidas com a chegada da adolescência. Não é apenas a escola que muda; é também aquele jovem que internamente está a mudar.

O que muda em termos académicos?

A estrutura escolar torna-se mais complexa e as expectativas em relação ao desempenho do aluno aumentam. A escola nova, de uma forma geral, é significativamente maior; o número de professores e de disciplinas aumenta; existe um menor suporte emocional da parte dos professores, porque o tempo de contacto de cada um com os alunos diminui; o rigor académico torna-se maior; a pressão dos pares é mais sentida; e o método de ensino muda, sendo a disciplina mais focada e mais diretiva.

Sem querer generalizar, posso afirmar que, pela minha experiência profissional, e de uma maneira geral, os pais ficam mais ansiosos do que os filhos quando se aproxima o momento de transição para o 5.º ano.

Num estudo realizado em Portugal, com 591 crianças dos 3.º e 4.º anos que frequentavam escolas da rede pública e jardins-escola João de Deus de várias partes do país, concluiu-se que a mudança para o 5.º ano não interferiu no ajustamento emocional das crianças.

Este estudo aponta ainda para o facto de os acontecimentos indutores de maior stress escolar na transição se prenderem com o domínio académico. Os alunos que frequentavam o 4.º ano de escolaridade, sobretudo em escolas do ensino público, sofreram um decréscimo em termos do seu desempenho e autoconceito académicos quando transitaram para o 5.º ano. Estes dados remetem para a importância da supervisão familiar no que se refere à realização das tarefas escolares.

O que devem, então, os pais fazer?

Os pais deverão, nesta fase de mudança, apoiar mais os filhos, verificando se estudaram e se realizaram as tarefas propostas pelos professores, conversando sobre a escola e sobre os problemas lá vividos, incentivando e mostrando aos filhos que são capazes, em vez de exigirem resultados elevados que se podem tornar ansiogénicos e contraproducentes para a aprendizagem.

À escola cabe o papel de ajudar os pais a desenvolver competências que lhes permitam apoiar os filhos no processo de aprendizagem e no seu progresso escolar.

Com efeito, um aspeto muito importante, que não pode deixar de ser mencionado, dado que é fundamental para o bom desempenho académico e para o funcionamento adaptativo da criança, é o envolvimento parental, sendo a comunicação entre a família e a escola absolutamente fulcral.

Relativamente a este ponto, as escolas deverão ter uma atenção especial relativamente às famílias de baixo estatuto socioeconómico, dado que estas, embora se mostrem interessadas em colaborar com a escola, nem sempre têm conhecimentos nem competências para “fazer mais”.

Para terminar, resta acrescentar que a maioria das escolas já promove atividades de integração para alunos que transitam para o 2.º ciclo, nomeadamente visitas à nova escola por parte dos alunos do 4.º ano de escolaridade, organização de ações de sensibilização no início do ano e inclusão nas mesmas turmas de pequenos grupos de alunos que já se conheciam do 1.º ciclo.

Face ao exposto, podemos concluir que, embora a mudança de ciclo implique novos e significativos desafios, os mais novos geralmente adaptam-se muito bem a esta nova etapa!