Em Morro da Pena Ventosa o Porto é um coração que bate». Mais do que um lugar ou uma personagem, é um sentimento. Ex-líbris da História de Portugal, por estes dias devassada em fotografias apelativas numa qualquer brochura turística, a cidade e os seus habitantes nativos lutam por conservar a sua identidade tão singular. Nestas páginas, não só são as ruas da zona histórica que serve de título ao livro que são estreitas: Também as perspetivas de futuro se afunilam cada vez mais, à custa do tão discutível progresso dos tempos. Com o Douro como âncora numa urbe em visível transmutação, o que acontece a estas pessoas quando tudo aquilo que tomam como certo se evapora? Porque no Porto é o rio que ilumina a cidade, não o sol.
Ficção e realidade entretecem-se habilmente nas mãos de Rui Couceiro, que habita o universo do realismo mágico como se aí tivesse a sua morada. Repleto de personagens ímpares e de grande fulgor imaginativo, este livro não só é uma ode à cidade do Porto e ao rio que a banha, mas às suas gentes. Tocando temas como a gentrificação, as alterações climáticas e a perda, o autor consolida neste seu segundo romance tudo o que Baiôa sem data para morrer já prometia.
O livro já se encontra em pré-venda e estará disponível nas livrarias a 20 de junho.
O lançamento realiza-se precisamente a 20 de junho, pelas 18h30, na Casa-Museu Guerra Junqueiro, no Porto, numa sessão com apresentação de Álvaro Domingues e Júlio Machado Vaz, e moderação de Diana Bouça-Nova. As leituras ficarão a cargo de Ana Celeste Ferreira.
A 25 de junho, às 18h30, será a vez do Gracinha – O Jardim do Solar dos Presuntos, em Lisboa, acolher a apresentação da obra, tendo como convidado Miguel Esteves Cardoso. Conceição Lino assegura a moderação do evento que contará com leituras por Sofia Fraga e um concerto da artista Dela Marmy.
Conheça o livro nas palavras do autor:
SOBRE O LIVRO
Morro da Pena Ventosa
O morro da Pena Ventosa fica lá no cimo, nesse Porto antigo, onde dizem que nasceu a cidade. No morro da Pena Ventosa, as casas encavalitam-se umas nas outras e nelas sobrevivem a custo os velhos moradores, aqueles que construíram a invicta e que o turismo e a modernidade vão empurrando para os subúrbios. No morro da Pena Ventosa, são as gentes que dão o colorido às vielas escuras aonde o sol quase não chega e onde subsiste a memória coletiva de um povo que se diz tripeiro. E é no morro da Pena Ventosa que vivem as personagens deste livro, a Beta e a avó, a D. Lisete e o Dr. Belarmino, o Navalhadas e o Fulminantes, o Luís Miguel Ideias e O-da-Pastinha, nessa janela com vista para o Douro. Ou assim é até a narradora nos trocar as voltas.
SOBRE O AUTOR
Rui Couceiro
Nasceu no Porto, em 1984. Trabalha no meio editorial desde 2006 e é, desde 2016, editor da Bertrand, tendo a seu cargo a chancela Contraponto. É membro do Conselho Cultural da Fundação Eça de Queiroz. Escreve para a Visão . Abandonou uma tese de doutoramento em Estudos Culturais, para escrever o seu primeiro romance, Baiôa sem data para morrer (2022), publicado em Portugal pela Porto Editora, no Brasil pela Biblioteca Azul e prestes a sair em Espanha pela Siruela. O livro foi distinguido com o Prémio Literário Manuel de Boaventura 2022 e finalista do Prémio Pen Club Português 2023.