O período dos Descobrimentos é um dos mais célebres da história nacional, mas será que o resto do mundo, e até os portugueses, estão conscientes do seu contributo para o desenvolvimento científico e tecnológico? E qual é a perspetiva de uma neozelandesa radicada em Portugal sobre esta época? O astrólogo e o rei é o romance de estreia de Brigid Hampton e chega às livrarias a 25 de agosto.
O interesse pelo tema despontou quando, chegada a Portugal, a autora percebeu que a expansão marítima portuguesa era muito mais vasta, rica e antiga do que a descoberta do caminho marítimo para Índia, sobre a qual aprendeu na escola na Nova Zelândia. E a ideia de escrever este livro surgiu quando descobriu uma Tabela de Estrelas na Biblioteca Pública de Évora, o Almanach Perpetuum, impresso em 1496, poucos meses antes da viagem de Vasco da Gama, e escrito em castelhano por Abraão Zacuto, astrólogo (à época o mesmo que astrónomo), judeu expulso de Espanha ao abrigo do Decreto de Alhambra, exilado em Lisboa e a trabalhar ao serviço do Rei D. João II.
Com estes dados, Brigid Hampton começou a imaginar um enredo para o qual já sabia o começo e o fim: os Éditos de Expulsão de Judeus de Espanha, 1942, e de Portugal, 1497. Entre estas datas coube uma história de amor, mas sobretudo uma história sobre viagens e refugiados, sobre o medo de não ter um lugar, uma pátria, mas também a coragem de partir em direção ao desconhecido – a mesma que os marinheiros portugueses demonstraram e que continua incutida na identidade nacional –, sobre um mistério, a ausência de registos de viagens com rumo à Índia entre 1488 e 1497 e também sobre um livro, o Almanach Perpetuum, um documento fundamental para que os marinheiros se orientassem no Atlântico.
Não menos importante, este romance é também uma homenagem aos avanços científicos levados a cabo pelos portugueses, tantas vezes esquecidos na História Mundial, que muitos historiadores consideram pilares da era moderna em campos como a cartografia, a astronomia, os regimentos estrelares ou o rigor documental.
A apresentação do livro está marcada para o dia 8 de setembro, às 18:30 numa conversa conduzida pelo jornalista Mário Crespo e com leituras da tradutora (a obra foi originalmente escrita em inglês) Daniela Carvalhal Garcia, na Avner Cohen Casa Chabad, em Cascais.
Brigid Hampton estará também na Feira do Livro de Lisboa, no sábado, dia 10, em sessão de autógrafos.
SOBRE O LIVRO
O astrólogo e o rei
Corre o ano de 1492. Em Espanha, a rainha Isabel decreta um édito de expulsão a todos os judeus não convertidos. Em Portugal, D. João II está perto de encontrar uma rota marítima para as Índias.
Forçados a abandonar Espanha, juntamente com as suas famílias, o astrólogo Abraão Zacuto e o cartógrafo Jacob Halevy procuram refúgio em Portugal, onde são contratados por D. João II.
Com os seus conhecimentos e os materiais proibidos que conseguiram resgatar na fuga, tornam-se decisivos na disputa com os reis espanhóis pelo monopólio das riquezas do Oriente.
Encontram, no entanto, um poderoso adversário: Cristóvão Colombo, o célebre navegador, já na dianteira para encontrar o tão desejado caminho marítimo para a Índia.
Circunscritos ao Castelo Real, trabalham contra o tempo para criarem um novo astrolábio e um regimento do sol que permitirão aos marinheiros saber a sua localização em alto-mar. Quando Ari, o filho do astrólogo, quebra o seu juramento de lealdade a D. João, vê-se forçado a escolher entre a mulher que ama e a sua paixão pela aventura e pelo mar.
A sorte está escrita nos astros, por muito que se semeie, ou se amasse, ou se mexa o tacho.
CRÍTICAS
«A história das navegações portuguesas, e do papel que nelas desempenharam os judeus expulsos de Espanha, é relativamente bem conhecida entre nós. A ficção de Brigid Hampton universaliza-a confere-lhe rostos e vozes, acompanhando de perto o interminável êxodo de um povo cuja forçada itinerância se confunde com a própria história da Europa e do mundo.»
Manuel Jorge Marmelo
«Um romance admiravelmente pormenorizado e envolvente que explora a influência em Portugal do famoso astrónomo Abraão Zacuto e de outros judeus expulsos de Espanha em 1492, particularmente no desenvolvimento no projeto arrojado dos Descobrimentos.»
Richard Zimler
«“O Astrólogo e o Rei” é muito seguramente uma obra madura e de extraordinária capacidade criativa. Transportando-nos para um tempo que é outro tempo, Brigid Hampton cria, com esta narrativa, uma estética do detalhe, pintando com palavras um quadro de cores impressionantes que nos atraem para o enredo, que nos lançam para dentro dele e nos familiarizam com as personagens. É um livro imperdível de uma autora fascinante.»
Bruno Paixão
SOBRE A AUTORA
Brigid Hampton
Nasceu na Nova Zelândia. Licenciou-se em Literatura Inglesa pela Universidade de Canterbury, onde concluiu mais tarde o curso de Jornalismo, profissão que exerceu durante quatro anos num jornal de Wellington.
Em 1976, foi viver para Londres, tendo trabalhado com duas editoras durante cinco anos. Mais tarde, em 1981, instalou-se em Portugal, onde deu aulas de Inglês e assumiu o cargo de editora numa revista de arquitetura.
Tem dupla nacionalidade – neozelandesa e portuguesa – e vive atualmente em Lisboa. O astrólogo e o rei é o seu primeiro livro.
2022-08-23